quinta-feira, 14 de junho de 2012

Yukashimi

De cabelo prateado brilhante
Tem beleza e pureza glacial
Sua alma, leve e clara é natural
São marcas de seu corpo ofuscante

Flores da planície trazem memória
De sua origem e de sua história
És última filha da natureza
Mas é privada de sua riqueza

Ah! Yukashimi! Por quer sofre tanto?
Sinto seu sofrimento no seu canto!
Canta sobre as torturas de teu sangue

Angústia d'uma traição mancha esta
Família que Yukashimi detesta.
''Salvar-me-ei" Devo ficar estangue!''

sábado, 2 de junho de 2012


Ao Passar dos Ponteiros
Uma Explicação à Maturidade
                Uma foto feia. Nada mais que isso. Pelo menos assim o seria por muito tempo...                                                                                                      
               A neblina tornava-se densa à medida que se aprofundava o cenário. Do canto superior esquerdo, surgiam dos céus plúmbeos, tão baixos naquele instante, de limitados pelas baixas nuvens tão úmidas, retas. Negros fios que fracamente contrastavam-se do cinza a partir que avançavam ou, se o observador os pensasse a afastar, desapareciam nas tristes nuvens daquele amanhecer de inverno.                                                          
             Naquele ano, o inverno havia se prostrado aos seres pensantes, aos observadores do viver nas coisas mortas, de forma tímida. Prostrava-se de forma a aparentar querer certificar-se de que não seria destruído pelo glorioso e sempre surpreendente Sol que, ao longe, dissolvia-se em nuances de vermelhidão no escuro e lúgubre céu de fim de junho.                                                                                                                                        
             A dúvida naquele instante, retratada pelas mais simples marcas de luz em sombra, acentuava-se de forma intrigante no momento em que se tornava visível no negro chão asfaltado um “Y”.                                                                                                                                               
              E agora? Para onde vou? De mesmo aonde eu vim?                                                                                                              
              Dúvidas tão corriqueiramente humanas em coisas tão certamente mortas sem nunca ter vivido.                         
              Como para acentuar o que já era bastante expressivo aos olhos de raros passantes atentos, brotava do chão, de modo a aparentar plantada, há tempos, sob forma de triste semente de corrosivas e destruidoras dúvidas, uma placa que não devia estar apontando a direção alguma. Uma placa de bordos vermelhos, talvez para quebrar a monotonia daquele 1/64 de segundo.               
             Uma placa cuja função era dizer:                 
            -Todos os caminhos levam ao erro, mas siga-me!                                                                                                   
           Vale a pena dizer que a placa apontava ao céu, constante em sua inconstância, a qual se disseminava em todo o arredor.                                                                                                                                                              
            Todo aquele cenário dava-nos uma sensação de acolhimento, pois, além de não se limitar no infinito, todo aquele retrato feito da dúvida, da indefinição levava-nos a um único reconfortante ímpeto: o de descobrir.                                                                                                                                                                                      
            No meu caso, uma vez que não havia descoberta a descobrir e as explicações me eram fáceis de explicar, tento desencavar complexidades nos sentimentos que nos passam tais coisas simples. E sobre sentimentos não há hierarquia, somente uma noção conscientemente errônea dessa, o que nos conforta no falso saber.                                                                                                                                                                                     
            O falso saber. As falácias o desmentem e ele xinga às falácias de falácias. A falta de absoluto, de regras imutáveis. 
            Se não as pode achar, então não as chame de regras.                                                                                       
           O falso saber, ao decorrer da História, define-se e redefine-se, entrecruzam-se os fios, emaranham-se, não são cortados, apenas somem.                                                                                                               
           Os fios das ideologias não são opostos somente quando paralelos e sobre diversos pontos de vista são diversas coisas. Lembre-se disso e seja você também um plantador de falácias.                                                         
          Um novelo de lã ou os fios de um poste?                                                                                                                            
          Sentimentos revelam ou obscurecem? Somos feitos tais como uma folha em branco? Somos um livro com as regras gramáticas já escritas?                                                                                                                                               
         Do que é feito o papel? Como a caneta escreve? Como são as palavras?                                                               
          Tantas reflexões tendem a ser vistas como inúteis, pois dão voltas e mais voltas, talvez sem resolver muita coisa.   
          Porém um círculo é belo para os plantadores de falácias, que são poucos. Então, para desligar-me de tão dura realidade, falo a muitos sobre coisas que nos afastam dessa, mas de modo a esclarecer não, nunca, obscurecer, mistificar.                                                                                                                         
         Apesar da enorme quantidade de nuances de vermelhidão e fios entrecruzados caoticamente, talvez, a ilogicidade, como esta nos foi definida um dia quando pequenos e indefesos, permita-nos concluir de forma, também, satisfatoriamente ilusiva. Quem quiser entende-la tal como obscura, leia-a. Quem quiser vive-la como esclarecedora, reflita sobre.                                                                                                    
         Certamente, aos passantes, aquela simples rua que se divide em duas não é mais que uma metade ou menos de caminho a ser percorrido. No entanto, a quem a simplicidade das coisas revela os sentimentos mais profundos dos simplificadores e dos simplistas, a quem o tempo já marcou os olhos, tal cena torna-se um achado, não mais a ser perdido.       
            Aos outros, somos apenas estúpidos falando de coisas estúpidas, ouvindo coisas ainda mais estúpidas, entenda-os...                                                                                
            Sentimentos são complexos e diversos somente porque são tratados de forma complexa e diversa, tão somente.
           Digo isso porque sei agora que podem ser facilmente desvendados por algumas linhas e uma simples linda foto.                                   

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Um dia comum

   -Nossa que dia quente!E eu aqui em casa sem fazer nada!E eu aqui em casa sem fazer nada!Que tédio!-dizendo isso estava Anabele deitada na sua cama, com os braços e pernas esticadas e quase afundando completamente nos lençóis  e cobertores fofos e confortáveis.
   Ela levantou e ligou a TV, nem tirou o uniforme do colégio por pura preguiça.Enjoou da TV e foi para o computador apenas papear ou assistir vídeos, talvez procurar informações sobre o menino da escola que ela estava afim.
   -E esse menino que não repara em mim! Já dei indiretas demais,talvez eu seja muito para ele...
   Ao dizer isso ela levantou da cadeira do computador e foi comer algo. Como estava muito quente,até dentro de casa, Anabele pegou um pote de sorvete, encheu um copo,botou bastante cobertura,guardou o sorvete e voltou correndo para o PC, jogar conversa fora com as amigas e reclamar da vida.
  Algumas horas depois, com a vista já ficando cansada, Anabele foi estudar. Estudar para ela era apenas ler umas coisinhas da matéria em questão e fazer exercícios, se o professor mandasse, se não ela nem fazia. Eram quatro exercícios para o dia seguinte para o dia seguinte mas ela fez só um.
   -Os outros três eu pego com outra pessoa, aquele moleque nerd que parece gostar de mim pode ajudar; ou talvez meu amor não correspondido, só para puxar conversa.-pensou Anabele.
  Belinha, apelido que seus pais deram, era de uma estatura um pouco acima da média, tinha cabelos castanhos claros, os olhos pareciam uma mistura de castanho com verde e eram grandes e redondos, pode-se dizer que ela era muito bonita, tanto de rosto quanto de corpo, mas sua voz é chata e suas conversas superficiais diminuíam essa beleza. Morava num apartamento de tamanho duplo, em um dos últimos andares dum bloco no centro da sua cidade. Seus pais queriam dar para ela a vida que nunca tiveram e acabaram mimando-a demais.
   A noite chegava rapidamente e os pais de Anabele enfim retornaram, a mãe costumava chegar uma horinha antes. O jantar foi servido pela moça que trabalhava lá um dia sim e um dia não, especializada em comida. O jantar estava delicioso como sempre mas fazia tempo que Anabele não agradecia ou elogiava qualquer coisa. Todos comiam em silêncio e isso de certa forma tirava o gosto da comida.
  depois de comerem todos foram ver TV, passou o jornal e depois a novela, durante o jornal Anabele nem prestava muita atenção, ao invés disso ficava mexendo no seu aparelho eletrônico, o último que saiu, e já estava de olho no próximo,fato que já originava reclamações sobre o seu celular.
   Acabou a novela e os pais, já cansados, foram dormir.
   -Vai dormir Belinha, você tem aula amanhã e você deve estar cansada, né? Tome seu banho e escove os dentes.Até amanhã.- disse a mãe bocejando.
   Belinha seguiu para seu quarto e dormiu indiferentemente; sem alegria, sem tristeza, apenas dormiu. Um pouco abaixo do quarto dela e um pouco para o lado havia um violista morando numa kit, estudando técnicas de arco e torcendo para ter dinheiro suficiente para pagar o aluguel no fim do mês. E no térreo, o porteiro do bloco estava quieto, todo enrolado num pano, assistindo sua TV de 10 polegadas e subitamente um choro de criança alto,forte e cortante varou-lhe os ouvidos; mas ele só encolheu-se um pouco mais.
   -Toma meu filho aproveite enquanto tem.
   Uma criança comia um pão recém-comprado com certa voracidade e seu pai alto de cabelo desgrenhado e casaco surrado e furado, olhava para ele com extremo amor e compaixão.
   Após terminar de comer, o menino e seu pai andaram juntos à procura de um lugar razoável para dormir e no meio do caminho o pai avistou uma nota de 20 reais.
   -Graças a Deus!- pensou o pai.
   A essa altura o menino já estava dormindo nos braços do pai, e a felicidade de ambos foi suficiente para a noite ser agradável e serena; ambos sorriam.
   O porteiro estava com frio e olhava para o pai e o filho incrivelmente acomodados no chão.
   -Deve ser um homem honesto, diferente daquela patricinha enjoada que nem sei o nome, só sei que começa com "a".- pensou o porteiro.